Aspecto do 2º Congresso Espírita Mundial.
No périplo de Fracisco Thiesen, Presidente da Federação Espírita Brasileira, por Portugal, a que fizemos referência no post anterior desta série, ocorreu um episódio engraçado, quando, em conferência proferida no Auditório da Biblioteca Nacional de Lisboa, um jornalista da Imprensa nacional, perguntou "se esse senhor Allan Kardec já tinha falecido há muito tempo".
De então para cá, não se pode dizer que a situação de desconhecimento da sociedade portuguesa em relação ao Espiritismo seja exactamente a mesma. No entanto, subsiste ainda muita incompreensão, que por vezes gera má vontade.
Não foi há muitos anos, por exemplo, que causou alarme entre a vizinhança a colocação de um recipiente destinado a receber pilhas usadas, à porta de uma associação espírita. Possivelmente ainda convencidos que o Espiritismo consiste em contactar os mortos à volta de mesas de pé-de-galo, os vizinhos da associação em questão ficaram temerosos dos efeitos do misterioso "aparelho", que desconheciam...
A par com episódios verdadeiramente cómicos como este, tem-se verificado por vezes a sabotagem do funcionamento de associações espíritas, como sejam as queixas injustificada de "barulho", que já motivaram mudanças de instalações, para que ninguém tenha "razões de queixa".
Os espíritas levam estes acontecimentos com bonomia, cientes que estão de que se devem ao preconceito e ao temor do desconhecido. A visibilidade pública nos órgãos de comunicação tem feito com que actualmente este tipo de atritos já seja raro. Mas é sobretudo a conduta dos espíritas assumidos, no dia-a-dia, que tem vindo a dissipar incompreensões. Não pretendem os espíritas ser exemplos de virtude ou possuir mais luzes que os outros, mas é inegável que fazem sincero esforço de melhoria íntima, e assim, acabam por conquistar muitos que se crêem inimigos do Espiritismo.
Talvez não erremos muito se dissermos que, para a maioria dos portugueses, o Espiritismo é uma filosofia mal conhecida e diferente, mas é-lhe reconhecida seriedade. Mesmo que muitas pessoas, quando necessitam do aconselhamento de um centro espírita, não vão ao da sua cidade, com receio de represálias sociais ou profissionais. Só um movimento de rigoroso e exclusivo voluntariado consegue lograr este tipo de prestígio, pois onde não há perspectiva de lucros, dificilmente alguém consegue ser suficientemente malicioso para descortinar maus propósitos.
Para os espíritas, como dissemos, não há tarefas menores. É tão importante quem limpa e prepara a sala de conferências, como quem sobe ao estrado para as proferir (e muitas vezes é a mesma pessoa que desempenha ambas as tarefas). A divulgação do Espiritismo serve propósitos de serviço à Sociedade.
O II Congresso Espírita Mundial, organizado pela Federação Espírita Portuguesa, nos dias 30 de Setembro, 1,2 e 3 de Outubro de 1998, no Centro de Congressos da Feira Internacional de Lisboa - FIL, marcou uma fase de arranque de uma maior exposição da Doutrina em Portugal. Deveu-se muito ao entusiasmo de João Xavier de Almeida, então presidente da F.E.P., a organização desse Congresso em Portugal, que viria a decorrer em ambiente de muita alegria, e que trouxe nomes conhecidos do movimento espírita mundial.
No ano seguinte, nascia a Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, cujo historial constante no respectivo site, passamos a transcrever:
"Em Julho de 1999, cerca de vinte pessoas estudiosas da doutrina espírita juntaram-se num sábado de tarde na cidade de Caldas da Rainha. Nessa reunião, foi apresentado um projecto de trabalho a que se deu o nome Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal. Nessa altura, todos os presentes perceberam que se tratava de um projecto de trabalho baseado no seguinte conceito: juntar espíritas que profissionalmente se ligassem a áreas, no seu dia-a-dia, de interesse técnico para a divulgação do espiritismo. Por exemplo, havia professores, juristas, gente da imprensa, da internet, gente do marketing, das belas-artes, etc. Ora, a ideia foi juntar pessoas com formação técnica para produzir produtos e serviços de melhor qualidade, sem descurar os seus conhecimentos espíritas.
Assim, quando alguma associação ou a federação pedissem uma tarefa, ela poderia ser elaborada da melhor maneira.
Mas a ADEP não precisaria que lhe pedissem colaboração. Por si própria, já se propunha desde então desenvolver actividades, tais como elaboração de curso básico de espiritismo, criação de um boletim informativo, envio de comunicados noticiosos por e-mail, e as demais actividades que a ADEP desenvolve desde então.
Ficou programado nessa reunião realizar-se uma outra para conversão da ADEP em associação com personalidade jurídica em Novembro desse mesmo ano. Daí para cá, tem-se trabalhado muito."
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