quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Somos Espíritos - 10




Conclusão


Em meados do século XIX, uma vaga de inovações científicas e filosóficas tomava conta do mundo Ocidental. O Materialismo raiava, e parecia relegar a tradição religiosa para o campo das superstições sem sentido. 'O Capital', de Marx, e 'A Origem das Espécies', de Darwin, eram algumas das obras notáveis que viam a luz do dia e provocavam um terramoto no Pensamento universal.


A Religião, durante séculos, afirmara uma visão do mundo com o Céu em cima, morada dos bem-aventurados, e o Inferno, em baixo, morada dos eternos condenados. A Astronomia pulverizava esses conceitos, abrindo-nos as portas de um Universo infinito e provavelmente habitado.


A Religião declarara-nos descendentes directos de Adão e Eva. A Biologia demonstrava-nos parentes dos outros Primatas.


A Religião considerara literalmente sete dias da Criação bíblica. A Paleontologia provava terem havido Eras Geológicas.


A Religião inventara um Diabo, que com a permissão divina perseguia o ser humano e era o culpado dos seus sofrimentos. A Razão clamava a injustiça de tal concepção.


A Religião impusera jejuns, sacrifícios, rituais, como condição para a salvação da alma. A Razão questionava a sorte dos não baptizados e dos não cristãos, a existência do Purgatório, do Limbo, do Céu e do Inferno.


Muito mais contradições do que poderíamos enumerar num simples artigo agitavam o espírito crítico de pessoas que haviam deixado de estar sujeitas ao medo da Inquisição, ao medo de pensar, ao medo de questionar Deus como lho haviam apresentado.


Deus seria incompatível com a Ciência? O sentido de religiosidade seria apenas um resquício de primitivismo? A diferença entre Bem e Mal seria apenas uma convenção? Amar o próximo seria apenas um processo bioquímico?


De duas uma - ou existe o Reino dos Céus... ou não existe!


Não foi por essa altura que os fenómenos paranormais se iniciaram, mas foi nessa altura que pela primeira vez receberam a atenção de homens capazes de os investigar com método e de extrair deles conclusões profundas.


Fala-se das mesas girantes, mas não foram apenas esses fenómenos que chamaram a atenção de pensadores. Tornava-se claro que, por detrás das pancadas, das pranchetas escreventes, das mensagens recebidas por médiuns (muitos deles crianças), se manifestavam inteligências.


Allan Kardec foi pioneiro, entre os que se dispuseram descobrir quem eram essas inteligências. Determinou a veracidade dos fenómenos, e as suas investigações poderiam ter ficado por aí, caso estivesse interessado apenas no aspecto científico da questão. Interessava-lhe, contudo, saber o que tinham a dizer essas inteligências sem corpo material.

Interrogou-as, e estas responderam ser pessoas como nós, que viveram na Terra.
 
 
Para os materialistas, os fenómenos devem-se a qualquer tipo de telepatia, a qualquer fenómeno ainda desconhecido, mas não admitem que possam ser Espíritos a comunicar-se. Para os religiosos, é simples: são apenas demónios que se disfarçam de Espíritos, pois, no entender dos religiosos, Deus permite que os demónios venham, mas não permite que os Espíritos venham. Opiniões...


Allan Kardec interrogou os Espíritos através de centenas de médiuns espalhados por todo o mundo. As mesmas perguntas eram enviadas para todo o globo, e, na volta do correio, as respostas eram concordantes. Com as perguntas e as respostas, mais os seus comentários, Allan Kardec editou, entre outras, as seguintes obras:


O Livro dos Espíritos - 1019 perguntas aos Espíritos e as respectivas respostas e comentários. A obra central da filosofia espírita.


O Livro dos Médiuns - um ensaio completo sobre as comunicações com o mundo dos Espíritos.


O Evangelho Segundo o Espiritismo - subtitulado "Com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida".


O Céu e o Inferno - "ou A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO, Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demónios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte."


A Génese - subtitulado "A Doutrina Espírita há resultado do ensino colectivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Génese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela derrogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente."


Um conjunto de princípios é uma doutrina. Uma doutrina que foi transmitida pelos Espíritos só podia chamar-se Espiritismo. Um nome bonito, aliás, que evoca a esperança (para nós a certeza) de que a vida continua, e que a morte é apenas uma passagem.


O ESPIRITISMO MATOU A MORTE

 

Fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão,em todas as épocas da Humanidade - é uma divisa do Espiritismo.


A fé deixou então de ser uma questão de "temer" ou de "aceitar" e passou a ser uma questão de raciocinar.


O Espiritismo, ou doutrina dos Espíritos, não pretende substituir religiões ou filosofias, até porque não se considera dono da Verdade, nem considera os outros desprovidos desta.


O Espiritismo marcha a par da Ciência, mas não se detém onde esta se detém, como disse Allan Kardec.


O Espiritismo investigou a imortalidade da alma e a comunicabilidade dos Espíritos, mas colheu deles ensinamentos que constituem uma Filosofia, porque são uma proposta de interpretação da Vida e do Universo; uma explicação para os sofrimentos e para as aparentes injustiças deste mundo.


O Espiritismo resulta também numa Moral, expressa na obra 'O Evangelho Segundo o Espiritismo'.


Por isso o Espiritismo é uma doutrina tríplice:
 
- Da Ciência colhe o método, e recusa crer no que quer que seja que a Ciência demonstre estar errado.
 
 
- Como Filosofia, responde às clássicas questões sobre quem somos, de onde vimos e para onde vamos; e aproxima-nos das Leis Divinas, já enunciadas por Moisés e por Jesus.
 
 
- Como Moral, aponta-nos o caminho do Bem, o do amor incondicional a Deus e ao próximo.


Tal como Jesus de Nazaré anunciou que não veio para destruir a Lei, também a filosofia espírita anuncia que não o veio fazer. A única coisa se propõe fazer, é ajudar a Razão a romper as trevas da superstição, do medo e do materialismo.


É isto que o Espiritismo vem esclarecer: que somos Espíritos; temporariamente no mundo material.



15.7.09


Nota: Esta série de 10 posts foi escrita para esclarecimento de uma conhecida e entusiástica evangélica neo-pentecostal, que, durante mais de um ano, não parou de assediar o nosso blog, ameaçando-nos com o tormento eterno nas fornalhas do Satanás e exigindo um espaço (no nosso blog!)  para  colar os textos anti-espíritas que copia dos sites neo-pentecostais. A sua avaliação foi que tudo o que escrevemos "é só blá-blá-blá". A Natureza não dá saltos...

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Somos Espíritos - 9


S. Cupertino, conhecido como o Santo Voador.



À volta da Bíblia

"Começou para São José de Cupertino, depois de dois anos de terríveis provações, a série de êxtases tão extraordinários, como dificilmente se ouvira narrar antes e depois dele na Hagiografia. Bastava ouvir o nome de Jesus ou de Maria, que ele dava um grito e, literalmente, voava rumo ao objecto amado. Se estava na igreja, voava para junto do altar da Virgem ou do Santíssimo. Se no jardim, para o cimo de uma árvore, permanecendo ajoelhado na ponta de um de seus galhos como se fosse o mais leve passarinho.

Em Roma, quando ele se viu diante do Vigário de Cristo na Terra, entrou em êxtase, ficando suspenso no ar durante a audiência, até que o Superior lhe ordenasse em nome da obediência que voltasse a si."


Excerto de um artigo de Plinio Maria Solimeo, no site católico Lepanto, oferecido pela revista Catolicismo, e tendo como bibliografia:

1 - Frei Justo Pérez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones FAX, Madrid, 1945, 3ª edição, vol. III, p. 642.
2 - Les Petits Bollandistes, – Vies des Saints, d’après le Père Giry, par Mgr Paul Guérin, Paris, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, 1882, tomo XI, p. 223.
3 Edelvives, O Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 184.
4 - Edelvives, op. cit., pp. 187-188.

Para os materialista é "óbvio" que S. Cupertino não levitava, como também é "óbvio" que Daniel Douglas Home (na imagem abaixo) não levitava. E escolhemos mencionar o fenómeno da levitação, dado que, pelas suas características, é por demais ostensivo para ser negado por quantos o presenciam. Ainda assim, os cépticos empedernidos assistiam e, à falta de explicações, concluíam que se tratava de fraude.


O Espiritismo vê os fenómenos medianímicos (também chamados supranormais, ou metapsíquicos, ou paranormais, tudo questão de palavras) como indício de algo mais profundo. E o facto de sempre ter havido fraudes grosseiras e tratantes sem escrúpulos não invalida que haja fenómenos legítimos.

O Espiritismo não é apenas o estudo destes fenómenos. Ainda que a investigação fenomenológica seja uma das áreas do Espiritismo, preferimos entregar aos cientistas a tarefa de o fazerem.

O que não aceitamos são as explicações simplistas da negação e da fraude, ou da intervenção diabólica. Desde logo porque não acreditamos no Diabo...


Não acreditamos no Diabo, porque:


- Admitir a existência de uma criatura que rivalizasse com Deus em poder, seria uma negação da omnipotência divina.


- Admitir que Deus pudesse permitir a acção de uma criatura ocupada em perder os Homens, seria blasfemar contra a infinita bondade de Deus.


- Admitir que Deus pudesse permitir sofrimentos eternos às mãos de tais criaturas, seria uma negação grosseira da sua justiça infinita.

Além destes argumentos racionais, e para os que acham que a Bíblia é a única medida da Verdade: o Diabo NUNCA é mencionado na Bíblia.

Na Bíblia faz-se referência à figura da serpente no Jardim do Éden, figura e cenário comuns, aliás, nos mitos de Criação de vários povos.

Na Bíblia faz-se referência à figura do monstro aquático Leviatã, do qual se pode dizer o mesmo, e situar a sua origem, com toda a segurança, na mitologia babilónica.

Os demónios que Jesus expulsava, são a tradução do Grego "daimon", ou Espírito. Eram portanto maus Espíritos que Jesus expulsava, e não seres perpetuamente destinados ao Mal. O mesmo se pode dizer da palavra "satã", do hebraico "stn", opositor. 

Este blogue disponibiliza vasta informação acerca desta problemática, na secção "Anjos e Demónios".


A figura conhecida como "o Diabo", com os seus cornichos, a barbicha, a cauda e a forquilha, é uma adaptação das mitologias Antigas, pré-cristãs, e dos deuses Pã e Lupércio, das mitologias Grega e Romana.


O deus Pã inspirou a figura do Diabo.

Há quem faça referência ao Apocalipse de João e aos alegados "anjos caídos" para fundamentar a crença na figura do Diabo. Um fundamento ainda mais vago, pois não se sabe se é a serpente, o leviatã, os anjos caídos da narrativa política de João, ou qualquer um dos maus Espíritos (daimon) que fazem a sua aparição nas Escrituras, sendo expulsos por Jesus ou aliciando-o, aquando do jejum no deserto.

A figura do Diabo, é, aliás, cada vez menos tomada à letra. Hades, o deus grego dos infernos, dos "lugares baixos" onde os falecidos habitavam e por vezes expiavam os seus maus actos, foi adaptado pela Igreja medieval, que carregou nas tintas e inventou os caldeirões dos suplícios eternos, para ferir as sensibilidades ainda bárbaras das populações e as sensibilizar para as consequências do mau proceder.

Na actualidade, tais visões afiguram-se pueris, mesmo para os representantes das Igrejas cristãs. João Paulo II, por exemplo, aboliu a figura do Diabo e do Inferno.

Numeroso teólogos católicos, protestantes e anglicanos, reflectem e escrevem acerca da Bíblia. Só os evangélicos neo-pentecostais insistem na inquestionabilidade da Bíblia, e a levam à letra. Não a estudam, não a analisam, acham supérfluo tudo o que não seja bíblico, e pecaminoso tudo o que vá contra a letra da Bíblia. Daí acreditarem cegamente ainda na criação do mundo em sete dias, fazendo tábua rasa das teorias evolucionistas de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace (espírita). Quando não da teoria heliocêntrica, pois, tal como no mundo muçulmano ainda há quem insista que a Terra é o centro do Universo, há meios neo-pentecostais que assim também afirmam!

O Espiritismo evita valorizar a letra, que mata, e valoriza o espírito, que vivifica.

A Bíblia (mais precisamente o Novo Testamento) é uma colecção de livros, de diversos autores, recolhidos ao longo de séculos, compilados, acrescentados e alterados. Tem valor desigual em termos morais e espirituais. Levar a Bíblia (mais precisamente o Novo Testamento) à letra, equivaleria a arrancar os olhos se estes nos fazem pecar ou odiar pai e mãe.
Mas se na Bíblia está ausente a figura do Diabo, não faltam relatos de fenómenos que a Psicologia ainda não explica, os tais fenómenos supranormais.

A aparição de Jesus em corpo etéreo após a morte é um bom exemplo. Tal como a sua conversa com os Espíritos de Moisés e Elias, no alto do Tabor. Há quem acredite que Moisés e Elias foram literalmente arrebatados aos céus, o que se nos afigura um tanto inconcebível, mas cada um tem a sua liberdade de pensamento...

Se Deus, através de Moisés, proibiu a CONSULTA dos mortos (o que o Espiritismo não faz) é porque os mortos se podem comunicar.

Moisés transforma o seu bastão em serpente, numa disputa com os magos egípcios. Moisés toca com o seu bastão numa rocha e da rocha brota água. Há sonhos premonitórios, e tantos outros fenómenos. Há até a proibição de contactar os mortos, promulgada por Moisés, uma evidência de que os mortos (e não os "demónios"), podem vir, ou não faria sentido Moisés proibir o seu povo de os consultar...

As aparições de anjos (para nós, espíritas, os anjos nada mais são do que Espíritos mais evoluídos que nós) também são um bom exemplo. Não nos passa pela cabeça que a justiça divina permitisse seres votados ao Mal (demónios), seres susceptíveis de queda (humanos) e seres já perfeitos (anjos)!

Para os grupos evangélicos neo-pentecostais, a figura do Diabo é como o pão para a boca. É o "papão" que vem a calhar para assustar os fiéis e alimentar o proselitismo dessas lucrativas instituições. Em muitas dessas religiões (serão religiões ou empresas?), fala-se mais do Diabo do que de Deus. Os líderes prometem limpezas dos maus-olhados e das bruxarias, realizam coreográficos exorcismos, com os seus gritos característicos de "Sai, satanás!", prometem o "desencapetamento total". Estes procedimentos parecem configurar a prática de simonia, veementemente condenada, na... Bíblia! E se não o fosse pela Bíblia, sê-lo-iam pelo senso comum.

Somos Espíritos - 8




"Auto de Fé de Barcelona", do argentino Florentino Barrera.
 

Fenomenologia supranormal: ou "não existe", ou é "o Diabo"...


Os fenómenos anímicos e mediúnicos são de todas as épocas e lugares, porque somos Espíritos, temporariamente aprisionados num corpo material. A Ciência estuda as leis que regem a matéria, mas mostra-se ainda muito limitada no conhecimento das leis que regem o Espírito.

Em face disso, a Ciência ainda tende a "explicar" os fenómenos supranormais (ou paranormais, ou estranhos, ou como se lhes queira chamar, mas "sobrenaturais", não são), com as velhas teses da fraude, da conspiração, da sugestão, da alucinação, ou da negação. É uma questão de orgulho e de infantilidade, por parte dos que são defensores intransigentes de que a Ciência deve estar sujeita à filosofia Materialista.

Galileu foi obrigado a negar, perante um tribunal eclesiástico, que a Terra se movia. Mas o facto é que ela se move, mau grado o que as autoridades religiosas pensavam. Também os fenómenos supranormais existem, mau grado o que alguns afirmam, lançando mãos das "explicações" acima enunciadas.

Experiências de quase-morte, visões no leito de morte, transporte de objectos, levitação, escrita directa, voz directa, materializações de Espíritos, aparições de Espíritos de pessoas vivas e mortas, psicografia, psicofonia, psicopictografia, transcomunicação instrumental, levitação de pessoas e objectos, visão à distância, clarividência no espaço e no tempo, radiestesia, regressão de memória, pessoas que se lembram de vidas passadas, crianças-prodígio, são fenómenos testemunhados, registados e compilados desde sempre, mas de forma mais sistemática desde há século e meio.
 
 


"Eu nunca disse que é possível; eu disse que é verdade" - Charles Richet.
 
 
Allan Kardec foi o primeiro investigador que dedicou a este tipo de fenómenos uma abordagem segundo o método científico. Teve ilustres continuadores, como é o caso, por exemplo de Charles Richet, Prémio Nobel da Medicina, que criou a Metapsíquica, "ciência que tem por objecto fenómenos mecânicos ou psicológicos, devido a forças que parecem inteligentes, ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana".


Pretender que um cientista da craveira de Richet possa ter sido enganado anos a fio, ou que possa ter alinhado numa conspiração a que têm aderido homens de Ciência de seriedade inquestionável, seria ridículo, no mínimo.

A abordagem dos fenómenos supranormais (ou metapsíquicos, ou paranormais, se quisermos optar por essas designações) por parte da Religião, tem sido diversa.


Para as religiões não-cristãs, os estudos nesta área têm sido pacíficos. Allan Kardec reporta a presença de pessoas de várias religiões não cristãs nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. E note-se que esta sociedade, o primeiro centro espírita do mundo, era mais que um grupo de estudos fenomenológicos. O Espiritismo, além da vertente fenomenológica/ciêntifica, tem uma vertente filosófica e uma vertente moral.

Foi da parte das religiões cristãs predominantes que vieram as objecções mais enérgicas. A Igreja católica, nomeadamente, assumiu a posição de que todos os fenómenos atribuídos à alma humana ou à acção de Espíritos de pessoas que haviam vivido na Terra, eram de origem diabólica. Consequência, sem dúvida, dos longos séculos de paranóia social, em que milhares de pessoas foram atiradas às fogueiras da Inquisição sob suspeitas absurdas de associações com a figura mítica do "Diabo".

Passada a época de queimar pessoas, a Igreja Católica procedeu ao deplorável Auto de Fé de Barcelona.


Em 9 de Outubro de 1861, pelas 10.30 da manhã, 300 volumes de obras espíritas foram queimados em praça pública, por ordem do Bispo de Barcelona. O livreiro Maurice Lachâtre não desanimou com esse episódio. O seu amor à liberdade de pensamento só cresceu. As pessoas presentes na praça gritaram, indignadas: "Abaixo a Inquisição!".

Espiritismo é cultura, e certamente por isso o dogmatismo religioso o abomina. Em diversas épocas, religiosos radicais também declararam que à Humanidade mais nenhum livro fazia falta que a Bíblia, ou o Alcorão.

 
14.7.09

Somos Espíritos - 7



Um xamã dos povos nativos da América do Norte; o xamã é um medianeiro entre dois mundos, um médium.
 

Em todos os tempos e lugares...
 

Desde as origens da Humanidade que há registos de comunicação com os Espíritos, ou seja, com aqueles que viveram na Terra e que cá deixaram o invólucro carnal, o corpo denso, pelo fenómeno natural da morte.
 
Os antropólogos são unânimes em reconhecer que a forma de religiosidade mais remota é precisamente essa. Por vezes transfigurada, por exemplo, em fetichismo, outras vezes associada ao panteísmo, muitas vezes embrulhada em superstições e práticas extravagantes, a comunicação com os mortos sempre esteve presente em todas as sociedades humanas. E a intervenção destes no mundo material também.
 
Todos os estudos em sociedades chamadas primitivas actuais, em todos os pontos do mundo,têm fornecido evidências claríssimas do que afirmamos, e também tem sido dado presenciar aos estudiosos ditos civilizados, os mais diversos fenómenos que sugerem mediunidade e/ou animismo.
 
A menos que se queira crer que desde há mais de um século que todos os antropólogos do mundo conspiram numa gigantesca mentira, temos que dar por adquirido que entre os povos ditos primitivos actuais acontecem fenómenos que escapam às explicações que a Ciência, por enquanto, pode dar.
 
No mundo Ocidental, dito civilizado, tais fenómenos também acontecem, como sempre aconteceram, mas são escondidos, nuns casos, ou atribuidos à acção do "Diabo", em outros.
 
O transporte de objectos, a levitação, os fenómenos de voz directa, a visão à distância, as chamadas personalidades alternativas, a radiestesia e outras formas de vidência, as aparições de "fantasmas" de vivos e de mortos, a clarividência através do espaço e do tempo, e tantas outras ocorrências ainda sem explicação científica, foram e são acontecimentos banais entre os povos e os locais mais díspares. O facto de os "primitivos actuais" conviverem com estes acontecimentos, parece confirmar que as capacidades mediúnicas são inerentes ao ser humano.
 
Infelizmente, no Ocidente, ainda vigoram dois preconceitos que dificultam o estudo destes fenómenos e lançam os seus protagonistas e testemunhas em processos por vezes penosos:
 
- Por um lado, a Ciência está ainda muito subjugada ao paradigma materialista, que recusa sem analisar o que ameaça fazer ruir as suas bases.
 
- Por outro lado, entre as comunidades religiosas cristãs, vive-se ainda a ressaca da Caça às Bruxas medieval. A Santa Inquisição queimou pessoas até muito tarde.
 
Joana d'Arc, dotada de faculdades medianímicas, serviu à França para ganhar uma guerra e se manter livre, mas foi acusada de obrar coisas do Diabo e queimada, quando deixou de ser útil...
 
 

Joana D'Arc: queimada por ser médium, santificada por ser médium.



13.7.09  


Somos Espíritos - 6




Desgraçadamente, a tendência é, como vimos, os perseguidos passarem a perseguidores. Outrora acossados nos países católicos, os protestantes são hoje, em muitos casos, os perseguidores de todos os que não pensam como eles. O massacre dos Huguenotes parece repetir-se, em actos como os do jovem fanático Afonso Henrique.

A NOTÍCIA:

Pastor e fiel são presos acusados de atacar centro espírita

19 de junho de 2009 • 21h39


O pastor Tupirani da Hora Lores, líder da Igreja Geração Jesus Cristo, e o fiel Afonso Henrique, suspeitos de serem os responsáveis pela invasão e depredação do Centro Espírita Cruz de Oxalá, na zona Sul do Rio de Janeiro, em Junho do ano passado, foram presos na tarde desta sexta-feira, por incitação ao crime de intolerância religiosa.

De acordo com o artigo 20 da Lei Caó, discriminação religiosa é um crime inafiançável e imprescritível. É a primeira vez que alguém é preso no Brasil por este crime.

Afonso Henrique publicou um vídeo no Youtube em que declara desprezo pelas instituições policiais e judiciárias, além de afirmar que todos os pais de santo são homossexuais e que todo centro espírita cultua o demónio. No vídeo, Afonso confessa, com requinte de detalhes, a invasão do Centro Espírita Cruz de Oxalá, e diz que naquela noite dormiu tranquilo.

De acordo com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, os dois foram abordados após um culto no templo da Igreja Geração Jesus Cristo, localizada no Morro do Pinto, na região portuária.

O pastor Tupirani foi indiciado e teve a prisão decretada após a Justiça entender que ele é o mentor intelectual dos crimes cometidos por Afonso Henrique.


Com informações de JB Online

Redação Terra
 
 

 
 
O COMENTÁRIO DE ALAMAR RÉGIS:

" Os espíritas, não praticantes das "bondades" de fachada, devem observar este episódio, ocorrido no Rio de Janeiro, e agirem com veemência, diante de todo o acto de violência praticada pelo fanatismo religioso. Se deixarmos impunes casos como estes, a tendência é a prática se alastrar pelo país e, a qualquer momento, veremos o Jornal Nacional anunciar que espíritas foram queimados vivos, por protestantes, em nome de Jesus. Qualquer calúnia, difamação, injúria e agressão, parta de quem quer que seja, deve ser se coibida, através de acções judiciais e boletim de ocorrência junto a uma delegacia de polícia. Isto não é revide de violência, é acção. "

 

Nota:
No Brasil, por razões vastamente explicadas neste blogue, há centros de Umbanda e Candomblé e outros, que possuem no seu nome oficial de registo junto das autoridades a designação de "centro espírita". Neste caso, o centro invadido não era um centro espírita, apesar de ter essa designação. Não é isso o importante. Há centros espíritas vandalizados, e este, não sendo espírita, merece obviamente tanto respeito como se o fosse.
O que está aqui em causa é o fanatismo religioso e os crimes que este origina.  

Somos Espíritos - 5

 
Martinho Lutero
 
 
Reforma e Contra-Reforma

Martinho Lutero foi um monge alemão com algumas ideias revolucionárias - umas meritórias, outras, nem tanto. Lutero acabaria por ser excomungado pela Igreja de Roma, porque pôs em causa as indulgências, que eram, basicamente, a venda do perdão divino para os pecados.
 
A acção interventiva de Martinho Lutero teve o seu auge, quando, a 31 de Outubro de 1517 afixou as suas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse documento era uma reflexão acerca da eficácia dessa prática, que a Igreja Católica, aliás, viria a abandonar.

Não só o convite ao debate caiu muito mal na hierarquia católica, como gerou um movimento de violência inaudita, que teve como aspectos mais tenebrosos a criação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição), com todo o cortejo de torturas, execuções nas fogueiras, e perseguições acirradas a todos os suspeitos de não serem "genuinamente" católicos.
 

Temos grande dificuldade em admitir outras formas de pensar, daí que tudo nos sirva para confronto, na área da religião como na política ou no futebol...


O Índex dos livros proibidos aos fiéis católicos (que ainda persiste), a criação da ordem religiosa dos Jesuítas (que deu origem ao termo "jesuitismo"), a reafirmação da infalibilidade papal e do celibato dos padres, e o esforço tremendo de conversão dos povos do Novo Mundo, foram outros efeitos indesejados da iniciativa de diálogo de Lutero.

Em muitos países do centro e norte da Europa, a investida da Igreja de Roma revelou-se contraproducente, e, em consequência disso, vicejaram as novas Igrejas Protestantes, nomeadamente na Alemanha, Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e Hungria.
 
Em França, o movimento Protestante foi duramente rechaçado, com o massacre continuado de protestantes franceses, os Huguenotes, durante os séculos XVI e XVII. Ainda assim, a França é um país de grande implantação Protestante.
 
É pouco conhecido o facto, mas não foram apenas os católicos que perseguiram, torturaram, chacinaram e queimaram protestantes. Os protestantes responderam da mesma forma.

Nos países do Sul da Europa, geograficamente mais próximos da autoridade papal, o Catolicismo não foi abalado. Em Portugal, Espanha e Itália, ainda hoje o termo "Protestante" tem alguma conotação negativa.

Porque será que o convite ao diálogo, de Lutero, gerou tamanha calamidade?
 
Da parte do povo, foi por falta de tolerância. Temos grande dificuldade em admitir outras formas de pensar, daí que tudo nos sirva para confronto, na área da religião como na política ou no futebol...

Da parte das hierarquias religiosas pelo receio da perda de poder e de regalias. O Cristianismo adoptou as práticas politeístas e pagãs dos rituais e das hierarquias sacerdotais. Então, quem se acha investido do direito de representar Deus na Terra, treme de medo se sente a sua pretensa autoridade ameaçada?

Daí então, assistirmos ao triste espectáculo das guerras em nome de Jesus e em nome de Deus. Nas perseguições inquisitoriais de ontem, na evangelização forçada de povos a quem foi e é roubado o direito à sua espiritualidade, nas lutas que ainda hoje se empreendem, através de campanhas de propaganda insidiosa, dos trolls da Internet que infestam espaços de opinião alheios, ou dos ataques físicos, directos, de fanáticos religiosos.

Não admira que os ateus digam que a religião tem sido uma fonte de sofrimentos para a Humanidade. Descontado o exagero subjacente à afirmação, que peca por generalizar, há alguma razão nisso.
 
 
12.7.09

Somos Espíritos - 4

 
Massacre dos Cátaros
 

De perseguidos a perseguidores...


Como se sentiriam os cristãos dos primeiros séculos da nossa Era, os primeiros cristãos, sujeitos a perseguições e massacres - e ainda assim orando pelos seus carrascos - se soubessem que séculos mais tarde a mensagem de Jesus seria tão deturpada? Que haveria igrejas organizadas, institucionais, com hierarquias rígidas, com os seus próprios exércitos, sempre prontas a esmagar qualquer manifestação que se afastasse da norma decretada pelos chefes supremos?

A palavra grega ekklesia, que designa uma assembleia, ou um conjunto de pessoas que se junta para orar, transformou-se em designação de poderosos organizações e Estados.

A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, que foram fundadas no século XI, dividiram o mundo conhecido de então. Oriente para os Ortodoxos, Ocidente para os Católicos.

A Igreja dita cristã perseguiu e executou todos os que fossem suspeitos de se afastarem da forma de pensar oficial. Porquê? Pelo medo de que novos movimentos viessem abafar a autoridade "oficial". Eram assim declarados heréticos e sumariamente executados.
 
Foi o caso dos Cátaros, um grupo cristão que não reconhecia a autoridade de papas nem de bispos, que considerava as mulheres iguais aos homens e consentia que estas pregassem, que recusava a Hóstia (apenas repartiam o pão), e que acreditavam na reencarnação.
 
A Cruzada contra os Cátaros iniciou-se em 1209 e durou cerca de 35 anos. Coube a Simon de Montfort sob as ordens do Papa Inocêncio III. Massacres cruéis e diversas batalhas abalaram as regiões de França onde o grupo religioso tinha implantação.
 
Em 1307 seriam os Cavaleiros Templários a perecer nas fogueiras da Inquisição, acusados de heresia, num processo nunca esclarecido.

Tanto no caso dos Cátaros como no dos Templários, os bens foram saqueados, os possíveis focos de livre pensamento foram extintos, o medo venceu e aos perseguidores foram prometidos lugares no Céu e outras benesses...

 
11.7.09

Somos Espíritos - 3

 
 
Na imagem: diagrama das viagens do apóstolo Paulo, na bacia do Mediterrâneo, espalhando a mensagem cristã.
 

Jesus não fundou nenhuma religião

Se pegarmos no Novo Testamento e lermos sobre a vida de Jesus de Nazaré, se formos ler outros documentos que falam sobre a sua vida na Terra, verificamos que ele nunca se declarou, explícita ou implicitamente, fundador de qualquer religião, seita, ou facção.

Convivia com cobradores de impostos, cortesãs, e outras pessoas "de má vida". Comia e bebia como as outras pessoas, não levava nenhuma vida de asceta, de eremita ou de místico. Foi uma criança normal, um adulto cordato e trabalhador, um homem normal, da sua época.

Distinguiu-se dos demais porque, ao dobrar dos 30 anos, começou a falar sobre Deus, sobre o Reino dos Céus e sobre o amor ao próximo. Foi um pregador independente, que, como sempre acontece, em todas as épocas e lugares, teve seguidores e detractores.

Os seguidores de Jesus, após a sua passagem pela Terra, continuaram a reunir-se, a falar dos seus ensinamentos e a espalhar a sua palavra.

O Império Romano, como sabemos, não foi meigo para os cristãos. O apóstolo Pedro foi crucificado em Roma. Em breve os cristãos eram servidos às feras, no circo romano, como alimento e diversão.

A duras penas os cristãos continuaram a reunir-se, a estudar e a praticar os ensinamentos do seu mestre. Sem rituais, sem sacerdócio, sem sacramentos. Só muito mais tarde, e por razões políticas do Império Romano, o Cristianismo passou a ser formalmente uma religião.
 
 
 
11.7.09

Somos Espíritos - 2


Hoje, felizmente, já não se queimam pessoas vivas em nome de Jesus.
 

Moisés teve por missão anunciar à Humanidade que existe um só Deus.
Cerca de dezoito séculos mais tarde, Jesus de Nazaré, avisando que "não veio destruir a Lei", cativou e continua a cativar pelo seu conceito de Deus como Amor, Perdão, Compaixão, Esperança.
Amar o próximo como a si mesmo, a súmula da lei Moisaica e da religião judaica, foi repetida por Jesus, que falou constantemente acerca da imortalidade da alma e da vida futura. O Reino dos Céus, a que constantemente fazia alusão, é o Além, o mundo espiritual. Pelo menos na interpretação espírita, e de muitas outras filosofias e religiões cristãs.

A questão das interpretações, é, aliás, um universo muito interessante. Existem hoje perto de 40 000 as denominações cristãs. As mais conhecidas e mais numerosas são a católica, a ortodoxa, as protestantes, a anglicana, a copta, a nestoriana, a assíria, as igrejas anabaptistas, a restauracionista, as neo-pentecostais, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons), as Testemunhas de Jeová, os Unitarianos, os Cristadelfianos e os Pentecostais do Nome de Jesus.

Entre as correntes não religiosas (cristãos sem rituais e sem hierarquias), destacam-se a Sociedade dos Amigos, os grupos do Cristianismo esotérico (de que é exemplo a Fraternidade Rosa-Cruz), e os Racionalistas Cristãos.

Sobretudo nos grupos de cristãos religiosos, vive a ideia de que a religião que professam é a única verdadeira, genuína, a que terá sido "fundada por Jesus". Hoje em dia, felizmente, as divergências acerca dos "verdadeiros herdeiros" de Jesus, já não provocam guerras e genocídios como dantes...
 
Martinho Lutero, quando em 1517 protestou contra a Igreja de Roma e os seus excessos, entendeu que estava a preservar a pureza original do Cristianismo. Nasceu assim o Protestantismo. A Igreja de Roma afadigou-se a enviar para fogueira quantos protestantes pôde, e estes fizeram o mesmo.
 
 

Por simpatizar com o Espiritismo, todos os sábados, pontualmente, sou ameaçado com o Inferno, por duplas de simpáticos membros de uma das 40 000 religiões cristãs. Tanto amor...

Mas essa não foi a primeira cisão de grande impacto. Em 1054 a Igreja Primitiva separou-se em dois ramos: católicos e ortodoxos, que assim permanecem até aos dias de hoje. Repare-se que esta cisão ocorre no século XI.
 
Num país do sul da Europa Ocidental, como Portugal, a maioria dos cristãos são católicos, e têm uma percepção vaga dos ortodoxos. Na Grécia a maioria dos cristãos são ortodoxos, e terão a mesma visão distante do Catolicismo.

Já no norte da Europa, proliferam as igrejas protestantes, que vêem com a mesma estranheza católicos e ortodoxos. No Reino Unido, os anglicanos são a maioria, e o Chefe de Estado é, por inerência, Chefe da Igreja Anglicana. Por muito estranho e inadequado que pareça aos vizinhos irlandeses católicos.

Mas dissemos que hoje as divergências entre cristãos já não fazem correr tanto sangue quanto antes? Talvez tenhamos errado. No norte da ilha da Irlanda arrasta-se uma guerra religiosa sem fim à vista. Ambos os partidos afirmam combater em nome de Jesus. O mesmo Jesus que trouxe mensagem de Paz.

O mesmo Jesus em nome de quem diferentes grupos cristãos se anatematizam mutuamente, como nos primeiros séculos de Cristianismo, em que as diferenças de interpretação eram resolvidas pela espada ou lapidando os "hereges" que se atreviam a pensar de modo diferente de certo grupo.
 
 
9.7.09  

Somos Espíritos - 1


É claro que o mundo material pode investigar-se com muito mais facilidade do que o mundo espiritual, que os nossos cinco sentidos não abarcam.


"Espiritismo" continua a ser um termo com conotação negativa.

O sufixo "ismo" significa doutrina. E por isso temos, por exemplo:

- Materialismo (doutrina dos que acreditam que no Universo só existe o que conhecemos por matéria.

- Espiritualismo (doutrina dos que acreditam que no Universo existe não apenas a matéria, mas também o Espírito).

O Espiritismo é uma doutrina filosófica espiritualista. O Espiritismo, tal como a maioria das religiões, acredita que existe um mundo espiritual, para além deste nosso mundo tangível, material.

É claro que o mundo material pode investigar-se com muito mais facilidade do que o mundo espiritual, que os nossos cinco sentidos não abarcam. Os materialistas não se cansam de pedir provas. Contudo, quando lhas são apresentadas, recusam-se sequer a considerá-las. Estranha moral...

Como é que, então, desde as origens da Humanidade, se acredita que existe algo mais? Que existe Espírito? Que existe Deus?

Para os materialistas a resposta é simples: é a imaginação humana, a necessidade de acreditar que a vida não é apenas "isto", o que vemos, que as afeições não são destruídas com a morte do corpo, e que as injustiças têm uma razão de ser e uma compensação.

Para os espiritualistas (religiosos e filosóficos) há vários motivos para acreditar que a vida não é só "isto"; a saber:

1 - O testemunho de seres extraordinários, de impecável conduta moral, comportamento e ensinamentos superiores. veja-se Moisés, Aarão, Isaías, Sócrates, Sidharta Gautama (o primeiro Buda), Guru Nanak, Zoroastro, e tantos outros que vieram falar de uma realidade Maior.

Chamam-se profetas a estas pessoas, não por terem predito o futuro, mas por terem sido, nsegundo a etimologia da palavra, pessoas que vieram "falar em lugar de". Podemos considerá-los enviados de Deus, mensageiros dos Espíritos Superiores, também conhecidos como o(s) Anjo(s) de Deus..
 
 
 

 
Moisés e a sarça ardente.
 
 


2 - A comunicação dos Espíritos. Quando pessoas falecidas há anos ou séculos, aparecem em corpo etéreo, dão testemunho de que existe um Além.

Assim terá acontecido com Moisés e Elias, que conferenciaram com Jesus no Monte Tabor. Assim aconteceu em todas as histórias das aparições de "anjos", que para o Espiritismo não são seres alados e místicos, mas sim Espíritos já evoluídos. Se Jesus "ressuscitou e subiu ao Céu", por exemplo, não decerto com o seu corpo físico!

E estas coisas não são apenas dos tempos e lugares Bíblicos. São de todas as épocas e lugares, apesar de actualmente a ideologia Materialista ameaçar com o manicómio quem afirma ter visto Espíritos, como outrora a Inquisição ameaçava com a fogueira.

3 - O nosso raciocínio, a nossa consciência, a nossa Razão. Segundo a filosofia espírita, as leis divinas estão inscritas na nossa consciência, e para haver leis divinas tem que haver Deus. Amar o próximo, ter compaixão, sentir gosto em servir o próximo, são, para nós, consequência da nossa natureza de seres espirituais, e não, como alegam os materialistas, o efeito bioquímico de uma certa hormona.

9.7.09