quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Somos Espíritos - 8




"Auto de Fé de Barcelona", do argentino Florentino Barrera.
 

Fenomenologia supranormal: ou "não existe", ou é "o Diabo"...


Os fenómenos anímicos e mediúnicos são de todas as épocas e lugares, porque somos Espíritos, temporariamente aprisionados num corpo material. A Ciência estuda as leis que regem a matéria, mas mostra-se ainda muito limitada no conhecimento das leis que regem o Espírito.

Em face disso, a Ciência ainda tende a "explicar" os fenómenos supranormais (ou paranormais, ou estranhos, ou como se lhes queira chamar, mas "sobrenaturais", não são), com as velhas teses da fraude, da conspiração, da sugestão, da alucinação, ou da negação. É uma questão de orgulho e de infantilidade, por parte dos que são defensores intransigentes de que a Ciência deve estar sujeita à filosofia Materialista.

Galileu foi obrigado a negar, perante um tribunal eclesiástico, que a Terra se movia. Mas o facto é que ela se move, mau grado o que as autoridades religiosas pensavam. Também os fenómenos supranormais existem, mau grado o que alguns afirmam, lançando mãos das "explicações" acima enunciadas.

Experiências de quase-morte, visões no leito de morte, transporte de objectos, levitação, escrita directa, voz directa, materializações de Espíritos, aparições de Espíritos de pessoas vivas e mortas, psicografia, psicofonia, psicopictografia, transcomunicação instrumental, levitação de pessoas e objectos, visão à distância, clarividência no espaço e no tempo, radiestesia, regressão de memória, pessoas que se lembram de vidas passadas, crianças-prodígio, são fenómenos testemunhados, registados e compilados desde sempre, mas de forma mais sistemática desde há século e meio.
 
 


"Eu nunca disse que é possível; eu disse que é verdade" - Charles Richet.
 
 
Allan Kardec foi o primeiro investigador que dedicou a este tipo de fenómenos uma abordagem segundo o método científico. Teve ilustres continuadores, como é o caso, por exemplo de Charles Richet, Prémio Nobel da Medicina, que criou a Metapsíquica, "ciência que tem por objecto fenómenos mecânicos ou psicológicos, devido a forças que parecem inteligentes, ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana".


Pretender que um cientista da craveira de Richet possa ter sido enganado anos a fio, ou que possa ter alinhado numa conspiração a que têm aderido homens de Ciência de seriedade inquestionável, seria ridículo, no mínimo.

A abordagem dos fenómenos supranormais (ou metapsíquicos, ou paranormais, se quisermos optar por essas designações) por parte da Religião, tem sido diversa.


Para as religiões não-cristãs, os estudos nesta área têm sido pacíficos. Allan Kardec reporta a presença de pessoas de várias religiões não cristãs nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. E note-se que esta sociedade, o primeiro centro espírita do mundo, era mais que um grupo de estudos fenomenológicos. O Espiritismo, além da vertente fenomenológica/ciêntifica, tem uma vertente filosófica e uma vertente moral.

Foi da parte das religiões cristãs predominantes que vieram as objecções mais enérgicas. A Igreja católica, nomeadamente, assumiu a posição de que todos os fenómenos atribuídos à alma humana ou à acção de Espíritos de pessoas que haviam vivido na Terra, eram de origem diabólica. Consequência, sem dúvida, dos longos séculos de paranóia social, em que milhares de pessoas foram atiradas às fogueiras da Inquisição sob suspeitas absurdas de associações com a figura mítica do "Diabo".

Passada a época de queimar pessoas, a Igreja Católica procedeu ao deplorável Auto de Fé de Barcelona.


Em 9 de Outubro de 1861, pelas 10.30 da manhã, 300 volumes de obras espíritas foram queimados em praça pública, por ordem do Bispo de Barcelona. O livreiro Maurice Lachâtre não desanimou com esse episódio. O seu amor à liberdade de pensamento só cresceu. As pessoas presentes na praça gritaram, indignadas: "Abaixo a Inquisição!".

Espiritismo é cultura, e certamente por isso o dogmatismo religioso o abomina. Em diversas épocas, religiosos radicais também declararam que à Humanidade mais nenhum livro fazia falta que a Bíblia, ou o Alcorão.

 
14.7.09

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