quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Somos Espíritos - 2


Hoje, felizmente, já não se queimam pessoas vivas em nome de Jesus.
 

Moisés teve por missão anunciar à Humanidade que existe um só Deus.
Cerca de dezoito séculos mais tarde, Jesus de Nazaré, avisando que "não veio destruir a Lei", cativou e continua a cativar pelo seu conceito de Deus como Amor, Perdão, Compaixão, Esperança.
Amar o próximo como a si mesmo, a súmula da lei Moisaica e da religião judaica, foi repetida por Jesus, que falou constantemente acerca da imortalidade da alma e da vida futura. O Reino dos Céus, a que constantemente fazia alusão, é o Além, o mundo espiritual. Pelo menos na interpretação espírita, e de muitas outras filosofias e religiões cristãs.

A questão das interpretações, é, aliás, um universo muito interessante. Existem hoje perto de 40 000 as denominações cristãs. As mais conhecidas e mais numerosas são a católica, a ortodoxa, as protestantes, a anglicana, a copta, a nestoriana, a assíria, as igrejas anabaptistas, a restauracionista, as neo-pentecostais, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons), as Testemunhas de Jeová, os Unitarianos, os Cristadelfianos e os Pentecostais do Nome de Jesus.

Entre as correntes não religiosas (cristãos sem rituais e sem hierarquias), destacam-se a Sociedade dos Amigos, os grupos do Cristianismo esotérico (de que é exemplo a Fraternidade Rosa-Cruz), e os Racionalistas Cristãos.

Sobretudo nos grupos de cristãos religiosos, vive a ideia de que a religião que professam é a única verdadeira, genuína, a que terá sido "fundada por Jesus". Hoje em dia, felizmente, as divergências acerca dos "verdadeiros herdeiros" de Jesus, já não provocam guerras e genocídios como dantes...
 
Martinho Lutero, quando em 1517 protestou contra a Igreja de Roma e os seus excessos, entendeu que estava a preservar a pureza original do Cristianismo. Nasceu assim o Protestantismo. A Igreja de Roma afadigou-se a enviar para fogueira quantos protestantes pôde, e estes fizeram o mesmo.
 
 

Por simpatizar com o Espiritismo, todos os sábados, pontualmente, sou ameaçado com o Inferno, por duplas de simpáticos membros de uma das 40 000 religiões cristãs. Tanto amor...

Mas essa não foi a primeira cisão de grande impacto. Em 1054 a Igreja Primitiva separou-se em dois ramos: católicos e ortodoxos, que assim permanecem até aos dias de hoje. Repare-se que esta cisão ocorre no século XI.
 
Num país do sul da Europa Ocidental, como Portugal, a maioria dos cristãos são católicos, e têm uma percepção vaga dos ortodoxos. Na Grécia a maioria dos cristãos são ortodoxos, e terão a mesma visão distante do Catolicismo.

Já no norte da Europa, proliferam as igrejas protestantes, que vêem com a mesma estranheza católicos e ortodoxos. No Reino Unido, os anglicanos são a maioria, e o Chefe de Estado é, por inerência, Chefe da Igreja Anglicana. Por muito estranho e inadequado que pareça aos vizinhos irlandeses católicos.

Mas dissemos que hoje as divergências entre cristãos já não fazem correr tanto sangue quanto antes? Talvez tenhamos errado. No norte da ilha da Irlanda arrasta-se uma guerra religiosa sem fim à vista. Ambos os partidos afirmam combater em nome de Jesus. O mesmo Jesus que trouxe mensagem de Paz.

O mesmo Jesus em nome de quem diferentes grupos cristãos se anatematizam mutuamente, como nos primeiros séculos de Cristianismo, em que as diferenças de interpretação eram resolvidas pela espada ou lapidando os "hereges" que se atreviam a pensar de modo diferente de certo grupo.
 
 
9.7.09  

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