quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Somos Espíritos - 5

 
Martinho Lutero
 
 
Reforma e Contra-Reforma

Martinho Lutero foi um monge alemão com algumas ideias revolucionárias - umas meritórias, outras, nem tanto. Lutero acabaria por ser excomungado pela Igreja de Roma, porque pôs em causa as indulgências, que eram, basicamente, a venda do perdão divino para os pecados.
 
A acção interventiva de Martinho Lutero teve o seu auge, quando, a 31 de Outubro de 1517 afixou as suas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse documento era uma reflexão acerca da eficácia dessa prática, que a Igreja Católica, aliás, viria a abandonar.

Não só o convite ao debate caiu muito mal na hierarquia católica, como gerou um movimento de violência inaudita, que teve como aspectos mais tenebrosos a criação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição), com todo o cortejo de torturas, execuções nas fogueiras, e perseguições acirradas a todos os suspeitos de não serem "genuinamente" católicos.
 

Temos grande dificuldade em admitir outras formas de pensar, daí que tudo nos sirva para confronto, na área da religião como na política ou no futebol...


O Índex dos livros proibidos aos fiéis católicos (que ainda persiste), a criação da ordem religiosa dos Jesuítas (que deu origem ao termo "jesuitismo"), a reafirmação da infalibilidade papal e do celibato dos padres, e o esforço tremendo de conversão dos povos do Novo Mundo, foram outros efeitos indesejados da iniciativa de diálogo de Lutero.

Em muitos países do centro e norte da Europa, a investida da Igreja de Roma revelou-se contraproducente, e, em consequência disso, vicejaram as novas Igrejas Protestantes, nomeadamente na Alemanha, Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e Hungria.
 
Em França, o movimento Protestante foi duramente rechaçado, com o massacre continuado de protestantes franceses, os Huguenotes, durante os séculos XVI e XVII. Ainda assim, a França é um país de grande implantação Protestante.
 
É pouco conhecido o facto, mas não foram apenas os católicos que perseguiram, torturaram, chacinaram e queimaram protestantes. Os protestantes responderam da mesma forma.

Nos países do Sul da Europa, geograficamente mais próximos da autoridade papal, o Catolicismo não foi abalado. Em Portugal, Espanha e Itália, ainda hoje o termo "Protestante" tem alguma conotação negativa.

Porque será que o convite ao diálogo, de Lutero, gerou tamanha calamidade?
 
Da parte do povo, foi por falta de tolerância. Temos grande dificuldade em admitir outras formas de pensar, daí que tudo nos sirva para confronto, na área da religião como na política ou no futebol...

Da parte das hierarquias religiosas pelo receio da perda de poder e de regalias. O Cristianismo adoptou as práticas politeístas e pagãs dos rituais e das hierarquias sacerdotais. Então, quem se acha investido do direito de representar Deus na Terra, treme de medo se sente a sua pretensa autoridade ameaçada?

Daí então, assistirmos ao triste espectáculo das guerras em nome de Jesus e em nome de Deus. Nas perseguições inquisitoriais de ontem, na evangelização forçada de povos a quem foi e é roubado o direito à sua espiritualidade, nas lutas que ainda hoje se empreendem, através de campanhas de propaganda insidiosa, dos trolls da Internet que infestam espaços de opinião alheios, ou dos ataques físicos, directos, de fanáticos religiosos.

Não admira que os ateus digam que a religião tem sido uma fonte de sofrimentos para a Humanidade. Descontado o exagero subjacente à afirmação, que peca por generalizar, há alguma razão nisso.
 
 
12.7.09

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