- Se não louvais a
Deus senão de coração, como um homem, entre aqueles que não entendem
senão sua própria língua, responderá amém, ao final da vossa acção de
graças, uma vez que ele não entende o que dizeis? Não é que vossa acção
não seja boa, mas os outros dela não estão edificados.
(Paulo, 1a. Epístola aos Coríntios, cap. XIV, v.11,14,16 e 17).
Um
nosso leitor ou leitora, chamou-nos a atenção para o suposto poder do
verbo, nomeadamente das palavras sacramentais. Supomos que se refere ao
efeito da sonoridade sobre a psique humana, ou mesmo sobre a matéria.
Segundo algumas filosofias orientais, há sons que convidam à
introspecção e à meditação, facilitando o acesso a determinados estados
de consciência. A Ciência mostra-nos também que há sons capazes de
actuar sobre a matéria, e todos nós sabemos, empiricamente, que certas
frequências sonoras fazem vibrar de modo ostensivo vidros ou estruturas
metálicas.
Não é
esse, contudo, o cerne da questão, no que à prece diz respeito. Orando,
em voz alta ou em pensamento, não é a forma que conta, mas sim o
conteúdo. A prece singela e sentida, bem intencionada, com objectivo
digno, torna-nos mais sensíveis à ajuda divina, que nunca nos falta.
Se
o proferir de palavras sacramentais, ou a mera repetição automática,
constituírem o fulcro da nossa prece, esta carecerá do que realmente
conta: a intenção do Bem exteriorizada pelo pensamento, colocando o
conteúdo antes da forma.
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