terça-feira, 1 de novembro de 2016

A Prece - 8


Se não entendo o que significam as palavras, eu serei bárbaro para aquele com quem falo, e aquele que me fala será para mim bárbaro. Se oro numa língua que não entendo, meu coração ora, mas minha inteligência está sem fruto.
- Se não louvais a Deus senão de coração, como um homem, entre aqueles que não entendem senão sua própria língua, responderá amém, ao final da vossa acção de graças, uma vez que ele não entende o que dizeis? Não é que vossa acção não seja boa, mas os outros dela não estão edificados.

(Paulo, 1a. Epístola aos Coríntios, cap. XIV, v.11,14,16 e 17). 

Um nosso leitor ou leitora, chamou-nos a atenção para o suposto poder do verbo, nomeadamente das palavras sacramentais. Supomos que se refere ao efeito da sonoridade sobre a psique humana, ou mesmo sobre a matéria. Segundo algumas filosofias orientais, há sons que convidam à introspecção e à meditação, facilitando o acesso a determinados estados de consciência. A Ciência mostra-nos também que há sons capazes de actuar sobre a matéria, e todos nós sabemos, empiricamente, que certas frequências sonoras fazem vibrar de modo ostensivo vidros ou estruturas metálicas.

Não é esse, contudo, o cerne da questão, no que à prece diz respeito. Orando, em voz alta ou em pensamento, não é a forma que conta, mas sim o conteúdo. A prece singela e sentida, bem intencionada, com objectivo digno, torna-nos mais sensíveis à ajuda divina, que nunca nos falta.

Se o proferir de palavras sacramentais, ou a mera repetição automática, constituírem o fulcro da nossa prece, esta carecerá do que realmente conta: a intenção do Bem exteriorizada pelo pensamento, colocando o conteúdo antes da forma.
O tema é vasto, e nunca se sabe o suficiente. Independentemente dos pontos de vista específicos, a oração é, como dizia Ghandi, a respiração da alma.

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