segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O (Quase) Auto de Fé de Lisboa

 
 
Em vão a Federação Espírita Portuguesa constituiu advogado e reclamou junto das autoridades competentes, na sequência da proibição das suas actividades. O laboratório de pesquisas, que foi o pretexto achado pelo Governo para consumar a proibição, contava na sua direcção com dois médicos, licenciados em Medicina pelas Universidades de Coimbra e de Lisboa, e um licenciado em Ciências Histórico-Filosóficos, pela Universidade de Lisboa.

O Governo não cuidou de nomear ninguém mais "competente", nem promoveu a fiscalização da competência destes elementos, no sentido de provar que não tinham preparação, que não davam garantias de seriedade e que não obedeciam às condições mais elementares do método científico.
 
O currículo de Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior, Ministro do Interior do Governo de Salazar, fala por si...

Após 1953, seguiram-se ainda dez anos de lutas judiciais, infrutíferas. Em 1962, Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior, não se dando ainda por satisfeito, decidiu que a F.E.P. não tinha existência legal, e mandou que fossem arrolados os seus bens e vendidos em hasta pública.

A Biblioteca da Federação, de valor cultural incalculável, esteve em vias de ser queimada. Em 1962, portanto, Lisboa esteve a um passo de ter assistir a mais um Auto de Fé, que só não foi consumado pela intervenção corajosa dos dirigentes espíritas.

Os livros da Federação foram encontrados mais tarde, na Biblioteca Nacional. A sede da Federação, transformada em Cinema, foi entregue à Casa Pia de Lisboa. Preferimos não comentar a brutalidade de todo este episódio e os aspectos sinistros que podem revestir a perseguição religiosa.

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