"Aquele que sabe o que é o suficiente, terá sempre o suficiente."
Lao-Tze
É Verão no hemisfério norte. É período de férias
para boa parte das pessoas. Uma pausa no trabalho é muito bem-vinda, e é
um direito relativamente recente dos trabalhadores, que até há algumas
décadas não beneficiavam de férias, fins-de-semana, subsídios de
desemprego ou assistência na doença.
As
férias, idealmente, deveriam ser um período de repouso, de mudança de
ares, de renovação interior. Contudo, a mentalidade materialista vigente
tende a fazer das férias mais uma orgia de consumo. A ideia de que
"muito" é sempre sinónimo de "melhor" molda-se como uma luva aos
excessos que se vão tornando imagem de marca dos períodos de férias.
A
palavra de ordem desta época é mesmo o "muito"... Comer muito, beber
muito, dançar muito. Também muitos medicamentos para as indigestões,
para as ressacas, muitos estimulantes para combater o sono - pois é
preciso aguentar o "ritmo"... Aumentam os acidentes rodoviários, por via
do álcool e da excitação. Aumentam as brigas, pelos mesmos motivos.
Causam-se danos ao organismo, motivados pelos excessos. Paradoxalmente, a
ânsia de diversão descamba em angústia e insatisfação.
Esta é uma das facetas da filosofia materialista, que:
- põe toda a felicidade na satisfação das necessidades corpóreas e dos instintos básicos;
- afirma que só há uma vida, e que é preciso "aproveitá-la bem";
- não estabelece limites claros entre o certo e o errado, dando primazia à busca do prazer.
O Espiritismo, como filosofia espiritualista que é, afirma exactamente o contrário, ou seja:
- a felicidade terrena advém da satisfação das necessidades materiais essenciais e da consciência tranquila;
- somos seres eternos e vivemos muitas vidas terrenas, nas quais devemos dar prioridade ao nosso aprimoramento interior;
-
as leis divinas ou naturais estabelecem regras que, se cumpridas, nos
asseguram a paz interior e a felicidade possível neste mundo.
As
leis morais são apresentadas no Capítulo III de O Livro dos Espíritos. A
lei da conservação estabelece que devemos cuidar do nosso corpo, ferramenta essencial
para o cumprimento da nossa missão. Devemos igualmente respeitar a
integridade física do nosso semelhante.
Devemos
atender às necessidades do corpo, sem o sacrificarmos. Comer, beber,
dançar, tudo nos é lícito, na devida conta, que a Natureza estabelece.
Mas devemos atender também às necessidades do Espírito, e essas não as
vamos satisfazer apenas nos prazeres mundanos. Alimentar o espírito é
cultivar os bons pensamentos, as boas acções, as boas leituras, a
meditação a oração.
O período de férias, e a
quebra da rotina que este proporciona, pode ser excelente oportunidade
para sintonizarmos mais profundamente com a Espiritualidade. Dessa
forma, não precisaremos de "aguentar o ritmo", mas sim de abrandar o
ritmo.
Dizem-nos
os Espíritos, em O Livro dos Espíritos, que as leis de Deus estão
inscritas na nossa consciência. Sabemos portanto, intuitivamente, a
justa medida para a satisfação das necessidades do corpo e do Espírito.
Abrandemos, contemplemos a Natureza, apuremos a nossa sensibilidade para
ouvir a voz de Deus, que se faz presente em tudo o que nos rodeia.
Boas Férias!
19.7.08
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