sexta-feira, 13 de maio de 2016

Divulgar o Espiritismo


O Espiritismo em Portugal esteve proibido durante o regime do Estado Novo. Apesar de ser independente de regimes e ideologias políticas, era considerado subversivo, quer em Portugal, quer em Espanha, cujo regime era igualmente totalitário. As associações espíritas foram mandadas encerrar, os seus bens foram apreendidos, as suas publicações interditadas. E assim, um movimento florescente e dinâmico foi reduzido ao silêncio. Durante o período de proibição, os espíritas reuniam-se em segredo, e muita gente que de bom grado se teria aproximado da doutrina, afastava-se, com medo das represálias da polícia política. Os grupos espíritas, impedidos de intercambiar ideias normalmente, foram estagnando. A imagem do Espiritismo ficou seriamente comprometida, pois o que é proibido é sempre estigmatizado.

Os hábitos instalados são difíceis de eliminar, e o hábito de estar “escondido” tem persistido, mesmo já em Democracia. Ante a ideia de se divulgar abertamente, de se sair do centro espírita, há ainda apreensões. O Espírito Emmanuel, pela psicografia do médium Chico Xavier, lembra-nos que a divulgação da doutrina espírita é uma forma sublime de caridade. E não é justo que os espíritas, a pretexto do receio de serem mal aceites, vão guardando só para si a Doutrina dos Espíritos. Os jornais, a rádio, a tv, a Internet, as conferências públicas fora do espaço das associações, não são motivo de vaidade nem de vergonha. São trabalho espírita, singelo e abnegado.

É sabido que os espíritas, não sendo profissionais e dedicando-se ao estudo e prática do Espiritismo nas horas vagas e gratuitamente, não dispõem de capacidade económica nem de disponibilidade para “competir” nos meios de comunicação social pela atenção do público. Mas a questão não é de marketing, muito menos é vocação do Espiritismo conquistar adeptos. É tão só de divulgação de uma mensagem, que chegará aos interessados, desde que correctamente transmitida.
Divulgar correctamente o Espiritismo, é, antes de mais, fazê-lo com competência doutrinária. Estudar Espiritismo, estudar sobretudo as obras básicas, é preciso. Não basta boa vontade. Depois, é necessário falar para se ser entendido. De pouco serve tomar a tribuna para falar com muita erudição, se não se é entendido. No trabalho de divulgação, um orador espírita, um articulista, um comunicador, em suma, deve falar de preferência para os que menos ou nada sabem do assunto. Os mais entendidos têm possibilidades de colher informação mais especializada.

A tribuna espírita não deve ser confundida com um altar, onde se fala, mas não se ouve. Divulgar o Espiritismo deve ser falar e ouvir.

A imortalidade da alma, as experiências de cunho mediúnico, que quase toda a gente já viveu ou de que tem conhecimento, as interrogações sobre a vida, são comuns a todas as pessoas. Ateus e religiosos, cépticos e crentes, curiosos e indiferentes, surpreendem-nos amiúde com manifestações de genuíno interesse pelo Espiritismo, referindo que por si nunca entrariam num centro espírita, por terem uma imagem pouco favorável desta filosofia. Através de um meio de comunicação e de uma divulgação escorreita, ficaram agradavelmente surpreendidos e com uma ideia correcta acerca do Espiritismo.

Será então culpa de quem, se o Espiritismo é mal aceite e mal entendido?

A conduta caridosa e a boa convivência entre espíritas, são, sem dúvida o cartão de visita por excelência, e a divulgação, através dos meios de comunicação, é um dever. O solitário, o doente, o candidato a suicida, o obsidiado, o que é torturado pela dúvida, o que sofre amargamente com a partida de quem amava, o que é feliz mas que pode e quer saber mais, merecem que se saia das associações espíritas.
17.12.2009

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