quarta-feira, 18 de maio de 2016

O Bem e o Mal - 3

 

O Diabo e o Inferno
O Tártaro dos povos Pagãos era um lugar de sombras, o Reino dos Mortos, em que cada um era punido naquilo em que havia errado. Para os Hebreus, o Sheol era igualmente a morada dos mortos, debaixo da terra também, um lugar de apagamento, em que os que deixavam este mundo experimentavam um estado semelhante ao sono.

Tal como os povos Pagãos, os Hebreus tinham (e mantêm) o conceito de reencarnação. Mas o que lhes interessava, à época em que a sua religião se forjou, nos 40 anos de fuga pelo deserto, era a Terra Prometida, o aqui e o agora. Eram mais materiais que espirituais as preocupações dos Hebreus comuns.

Quando a Bíblia foi traduzida da Língua Hebraica para a Grega, ao termo Sheol fez-se, sem surpresas, corresponder o Hades. Nas Bíblias actuais podemos encontrar, segundo a tradução, uma ou outra palavra, assim como também "sepultura".

Do Grego para o Latim, a Sheol e Hades fez-se corresponder "inferus", que significa "inferior" ou "abaixo de".

Quando hoje pegamos numa Bíblia e lemos a palavra "Inferno" (aportuguesamento de "inferus"), em que pensamos? Nas imagens de caldeirões de azeite a ferver e de tormento eterno, colhidas da Arte Sacra medieval e Renascentista, bem como dos êxtases dos místicos cristãos medievais e posteriores.

A ideia do Inferno, entendida como lugar de eterno tormento, é contrária à Caridade. Nasceu dos conceitos humanos mesquinhos, tal como a ideia do Diabo ou Satã.

"Diabo" vem do Grego "diábolos" e significa "o que separa". Em Latim "diabolus", tem o mesmo significado.

"Satã" vem do Hebraico "stn", e significa "opositor".

No contexto bíblico, as palavras "diabo", e "satã" aparecem como adjectivos. A tradição da Igreja transformou esses adjectivos em substantivos. Onde o texto original queria dizer que apareceu um opositor, um gerador de discórdia, passou a ver-se uma entidade, de chifres, cauda, cornos.

A figura do Diabo como é entendida na cultura popular, é uma amálgama dos diversos deuses Pagãos, Greco-Romanos, sobretudo de Pã/Lupércio (ver imagem).
Esta figura mitológica pagã era particularmente repudiada pela Igreja medieval e posterior, devido a ser instigador de paixões e desejos carnais. A Igreja havia proscrito os prazeres sensuais, como coisas do "Diabo".

E daí, ainda nos nossos dias, a injustiça flagrante de conceber-se um ser rival de Deus, ou um lugar de tormento eterno, lançam na descrença milhões de seres humanos. Não os censuramos.

Infelizmente, o "Diabo" e o "Inferno" são também motivo para muita gente acabar em hospícios, enlouquecida pelo terror. Religiões há que fazem destes "espantalhos" instrumentos para amedrontar as massas ignorantes e as espoliar do dinheiro honestamente ganho a trabalhar, a troco de "protecção".

Em passagem alguma da Bíblia é descrito o Inferno ou o Diabo como estas religiões os apresentam. E ainda que fosse, a Razão rejeitaria tais conceitos, incompatíveis com o do Deus de Amor! 

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