sábado, 14 de maio de 2016

É possível?

 

ola tenho 27 anos e quando era pequena a minha mae apanhava-me mts vezes a brincar na cama durante a noite e quando me dizia para dormir eu dizia que estava a brincar com o velho na altura o meu padrinho levou-me a uma senhora que me fechou o cofre isto e possivel ?

Esta questão foi-nos deixada por uma leitora num dos posts dedicados á questão do "cofre aberto".
Pergunta-nos se é possível.

1. Brincar com alguém que mais ninguém vê, é possível, sim. Pode ser um "amigo imaginário", pois as crianças ainda não sabem distinguir como nós a realidade da fantasia. Assim como imaginam que estão a brincar com um personagem de ficção (o Peter Pan, o Naruto, o Super-Homem, a Cinderela), as crianças muitas vezes imaginam amigos.

Mas também pode tratar-se de alguém que está no mundo espiritual, de um Espírito, de alguém que já "morreu". Tem havido casos em que crianças insistem em dizer que estão a brincar com Fulano, que descrevem ao pormenor, e que se vem a descobrir tratar-se de um familiar falecido ou de um antigo habitante da casa, que a criança nunca viu em fotografias nem ouviu falar.

Por isso, e segundo a filosofia espírita, o tal velho podia ser um Espírito, sim senhora. Tem-se geralmente a ideia de que os Espíritos vêm sempre para assustar, para fazer mal. Nem sempre é assim. Por isso, as crianças, que ainda não foram influenciadas por filmes e histórias de terror, costumam encarar esses fenómenos com toda a naturalidade. E com muita razão, pois os Espíritos são apenas pessoas como nós, que já viveram na Terra.

 

Acerca da questão do "cofre-aberto", que abordámos no post anterior respondendo a uma leitora, abordemos agora a parte do "cofre".

Desde sempre que houve pessoas com mediunidade, ou percepção extra-sensorial. Certos tipos de mediunidade permitem que quem possui essa característica capte a presença dos Espíritos, que os ouça, ou que os sinta, ou que os veja, ou todas essas impressões juntas.

Todos somos médiuns, mas geralmente designam-se por esse nome aqueles de nós que têm a faculdade mais desenvolvida. A mediunidade é uma característica do organismo. Não se "ensina" ninguém a ter mediunidade. Nem há garantias de quem tem mediunidade a tenha sempre, ou que quem não a tenha não venha a tê-la.

Tais pessoas, muito mais comuns do que se julga, podem experimentar boas sensações, más sensações, ou sensações nem boas nem más, consoante o tipo de Espírito cuja presença captam.

Antigamente, chamava-se aos Bons Espíritos, anjos. E chamava-se aos Espíritos perversos ou sofredores, demónios.

Uma das sensações menos agradáveis que podem ter os que sentem a presença dos Espíritos, é o conhecido "aperto no coração". Daí que a imaginação popular tenha criado o mito de que temos no peito como que um "cofre", que quando está "aberto" deve ser "fechado", para não permitir a "entrada" dos Espíritos.

Na Antiguidade, acreditava-se na Magia. A Magia, nesta acepção do termo, é a crença de que com rituais se consegue alterar o curso da Natureza. Ainda hoje há quem creia na Magia e use amuletos, ou use substâncias ou gestos rituais destinados a atrair a sorte, ou a espantar o azar...

No caso do chamado "cofre-aberto", ainda se encontram curandeiros e magos que se propõem "fechar o cofre". Dizem orações, fazem gestos rituais, às vezes usam uma chave enorme aplicada na cabeça ou no peito da pessoa, e não é raro vermos quem use uma chave ao pescoço, para manter o suposto "cofre" bem fechadinho...

Estas expedientes nasceram da necessidade de solucionar o que para muita gente é um problema. A mediunidade em si não é um problema. O que é um problema é a ignorância do que se trata, a ideia errada de que os Espíritos "entram no corpo" das pessoas. De se ignorar o mecanismo do fenómeno, nasce o medo, e o problema é o medo. Não é a mediunidade.

 

Que não nos interpretem mal... Não pretendemos de forma alguma troçar da crença nos "cofres" e nas "chaves"! São tradições antigas, e modos de interpretar fenómenos tão antigos como o mundo. 

Só que o mundo pula e avança, e hoje já não há motivo para medos irracionais. A nossa intenção é contribuir para tranquilizar os que vivem assustados com o receio de que os Espíritos lhes entrem no corpo, ou na "morada", como também popularmente se diz.

Ver, ouvir, sentir ou falar por influência dos Espíritos, é coisa normal. É uma faculdade como ver, ouvir ou cheirar. É um sexto sentido. Tem a particularidade de ser fugidio. Aparece em qualquer idade e em qualquer pessoa. E como aparece, pode desaparecer de um momento para o outro. Quando irrompe, a mediunidade pode revestir-se de aspectos desagradáveis. 

Não se pode provocar a mediunidade a ninguém, mas pode-se educar a mediunidade.

Como? Essencialmente, esclarecendo a pessoa. O que tem explicação racional deixa de ser assustador.

Os Bons Espíritos são discretos. Não se impõem, não assustam. O que pode ser desagradável para quem começa a ter sintomas de mediunidade (ou, como popularmente se diz, de "cofre aberto"), é a presença desagradável de maus Espíritos, ou, pelo menos, de Espíritos ainda pouco esclarecidos, que não se dão conta de que causam transtornos.

Muitas pessoas que têm sintomas de mediunidade a despontar vão ao curandeiro local para este lhes "fechar o cofre". Muitas vezes esse expediente resulta. Não por causa de palavras sacramentais, de gestos rituais ou de amuletos especiais. Os Espíritos menos esclarecidos, se o curandeiro for uma pessoa de Bem, com bom coração, vergam-se ao seu ascendente moral. O mesmo acontece com aqueles Espíritos que se vêm obrigados a retirar-se perante a autoridade moral de um padre. Se o padre tiver qualidades humanas, bondade, bom coração, é a sua autoridade moral que força os Espíritos ignorantes ou maus a retirarem-se, e não a água-benta ou o Latim.

Outro desenlace comum é os espíritos perturbadores, por serem ignorantes, se retirarem com medo da eficácia dos rituais e dos amuletos. Nesses casos, escreve-se direito por linhas tortas...

Sacerdotes, pastores evangélicos, curandeiros, magos, e todos os que agem por bem e por amor ao próximo, logram sucessos nesta área. O Amor é a força mais poderosa. É a força do Amor que faz o que muitos designam como milagres. E não é por acaso que se diz que "Deus é Amor"...

No Espiritismo, não temos a pretensão de nos apresentarmos como melhores que ninguém. Pelo contrário. Só Deus sabe quem está mais próximo do que mais conta, e que é precisamente a capacidade de amar a todos, até os inimigos.

E é nessa linha que o Espiritismo actua nestes casos: não repelindo os Espíritos endurecidos ou ignorantes, antes esclarecendo-os e acarinhando-os, pois eles são gente como nós. É precisamente por isso que no Espiritismo se contacta com os Espíritos. Para esclarecer os ignorantes, para colher instrução moral com os Sábios, e partilhá-la com toda a gente. No Espiritismo não há nada de "oculto", porque não há nada escondido.

A quem se abeira do Espiritismo numa situação de despontar de mediunidade, actua-se em duas frentes:

- Por um lado, esclarece-se os Espíritos que possam estar a perturbar e assustar. Mas em trabalho privado, sem a presença da pessoa e sem espectáculos.
- Por outro lado, encoraja-se a pessoa a esclarecer-se, pois o esclarecimento e o compromisso com o Bem, são a maior garantia de paz de espírito. Em vez de se colocar chaves ao pescoço, a nossa proposta é que cada pessoa seja a "chave" dos seus problemas, sem depender de ninguém: nem do padre, nem do pastor, nem do médium comerciante, nem do curandeiro, nem do guru, nem do pai-de-santo, nem do dirigente espírita.

Não nos interessa angariar adeptos para a nossa filosofia, de todo! O nosso trabalho é gratuito, é para todos, estimamos que cada pessoa tenha as suas convicções, e, no fundo, nós, espíritas, pouco fazemos. O trabalho é de cada um e é dos Bons Espíritos. Espiritismo não é profissão, e por isso mesmo os espíritas não cobram rigorosamente nada. Os centros espíritas subsistem com as quotas dos seus associados.

É uma proposta de emancipação e de Liberdade, a nossa. Dependermos apenas da nossa vontade, e, obviamente, da vontade de Deus.

Encorajamos a independência das pessoas em relação a todos os líderes terrenos. Defendemos a sujeição apenas às Leis de Deus. As Leis de Deus são, como disse Jesus, um "jugo leve", e que nos aponta o caminho da Felicidade.

Quem vive do negócio de "fechar cofres" ou de "expulsar satanazes", obviamente não gosta desta proposta...


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