sábado, 14 de maio de 2016

Vendedores de Milagres

 

Noticiam o jornais de hoje em edição digital, que "o estado do Rio de Janeiro entrou em 2010 com chuvas fortes e deslizes de terras. O mau tempo fez, desde quarta-feira, 36 mortos naquela região do Brasil."

Pergunto-me se os vendedores de milagres* que foram contratados para manter as chuvas longe da cidade irão devolver os pagamentos (caso os tenham recebido), ou se irão pedir desculpas públicas. Mas quem garante que afasta chuvas, também não terá sentido de responsabilidade para tal...

Mais uma vez fica patente que a Natureza segue o seu curso segundo leis imutáveis, que, para nós, são as fixadas por Deus. Não conhecemos Deus, não temos a pretensão de saber mais de Deus que os outros, mas deduzimos da organização, complexidade e perfeição do Universo, que este tem uma origem inteligente.

Acreditamos no Deus único, infinitamente justo, bom e perfeito. Por isso não cremos que Deus modifique as leis da natureza a troco de "subornos", sejam eles flores, velas, ou promessas. Tão pouco damos crédito aos que se anunciam dotados de capacidades sobrenaturais, que se apresentam como escolhidos, como especiais, capazes de milagres e prodígios. A humildade é que diferencia os verdadeiros dos falsos profetas. O espalhafato, o orgulho e a inconsistência moral e intelectual é que os denunciam.

Para as 36 pessoas que desencarnaram (morreram), chegou a hora do regresso à Pátria Espiritual. Para os nosso irmãos que se debatem com os prejuízos das cheias, é mais uma prova a passar, oportunidade de cultivar qualidades como a resignação activa. Aos que partiram, todos podemos valer com as nossas preces. Aos que ficaram, podemos valer com preces, com ajuda braçal na reconstrução, e com donativos de dinheiro ou materiais de construção. 

* Andam a Pedir Chuva...

Na edição online do jornal Correio da Manhã pode ler-se a seguinte notícia, de que assinalámos a encarnado algumas palavras:

30 Dezembro 2009 - 17h52
Para a noite da passagem-de-ano
Rio de Janeiro contrata espírita para travar chuva

O espectáculo da passagem-de-ano está preparado na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, onde são esperadas dois milhões de pessoas, das quais 500 mil são estrangeiros. Música, baile e um dos fogos de artifícios mais espectaculares do mundo não vão faltar. O que os responsáveis ‘cariocas' não querem é chuva.

Os meteorologistas prevêem uma chuva muito forte para a noite de amanhã, o que poderia impedir o espectáculo. O presidente da Câmara do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, quer contrariar as estimativas dos especialistas e, por isso, contratou uma armada de peso: magos, espíritas, curas e pastores evangélicos para que juntos impeçam a queda de precipitação.

A grande estrela é a espírita Adelaide Scrittori, da Fundação Espírita Cacique Cobra de Coral, que assegura ser capaz de incorporar um espírito que influencia a meteorologia. "Toda a ajuda espiritual é válida e bem-vinda", afirmou o presidente Paes, sustentando que os ‘cariocas' não sabem terminar o ano e entrar no seguinte sem uma explosão sensual de alegria.

Para provar que está mesmo empenhado, Paes ofereceu milhares de flores à deusa africana Iemanjá, que foram largadas em alto mar em sua honra.


Esta notícia é abusiva, por vários motivos. A saber:

- Se para essa "tarefa" de fazer parar a a chuva foram contratados magos, curas (padres) ou pastores evangélicos, não sabemos, pois não somos entendidos nessas áreas. Espíritas não foram, de certeza absoluta.

- O Espiritismo é uma filosofia cristã, racional, de cariz moral e que respeita o primado da Ciência. Para o Espiritismo não existem conceitos como o de Sobrenatural, e, como tal, não faz sentido fazer rituais ou intercessões para alterar o curso normal dos fenómenos da Natureza.

- O Espiritismo é cultura. Logo, não alinha em espectáculos ou golpes publicitários como e descrito na notícia. O Espiritismo é simplesmente o reviver da fraternidade e discrição dos primeiros cristãos.

- A Fundação citada na notícia, não só não é espírita, como nem tem a designação de espírita na sua sigla. Alguns centros de Umbanda e Candomblé, no Brasil, usaram essa designação nos seus nomes porque á época da sua criação era mais fácil adquirirem a personalidade jurídica dessa forma. Nem sequer é o caso aqui.

- A citada Senhora, que pelos vistos é a líder dessa fundação que se destina a fazer chover, não é, evidentemente, e pelos motivos acima citados, espírita. Poderá eventualmente ser médium, o que é totalmente diferente.

- Médium é alguém que supostamente é dotado de percepção extra-sensorial e que captará impressões ou mensagens do Além. Espírita é alguém que simpatiza com a filosofia espírita.

Este é o texto que enviei para o Correio da Manhã. Consigo entender que se confunda médium com espírita, e Espiritismo com religiões ou crendices, mas não entendo porque é que se insere a designação de espírita onde ela nem consta, no original.

Que haja quem se proponha fazer chover, não temos nada contra. Mas não misturem o Espiritismo com essas actividades, por favor.

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