sábado, 14 de maio de 2016

Vida Feliz Logo de Manhã


 
O Espiritismo bateu-me à porta diversas vezes, mas demorou até que eu perdesse as apreensões e me decidisse a averiguar do que se tratava. Uma tia minha, era eu ainda miúdo, falava-me frequentemente das coisas prodigiosas a que tinha muitas vezes assistido numa associação espírita que frequentava. 
 
Era uma daquelas associações antigas, isoladas pela proibição Salazarista, e muito viradas para a mediunidade. Daí que a minha tia me falasse sobretudo dos médiuns que literalmente tocavam piano e falavam Francês - sem o terem aprendido, naturalmente. Na minha imaginação desenhava-se uma sala escura, vitoriana, formas retorcidas de pau preto, cortinados de veludo, e as inevitáveis mesas de pé-de-galo. Pouco convidativo para um garoto de 12 anos...
 
Mais tarde, foi através do programa radiofónico "O Passageiro da Noite", cujo animador era Joaquim Letria, que ouvi falar de novo acerca de Espiritismo. Tratava-se de um programa de chamadas em directo, o então novo formato phone-in, que contava periodicamente com os telefonemas de um senhor de nome , espírita. O apresentador do programa, agnóstico assumido, acolhia o senhor Pimentel sempre com muito interesse e enchia-o de perguntas que reflectiam a curiosidade dos muitos ouvintes da emissão.
 
Foi, contudo, quando folheei o primeiro livro espírita que entrevi nesta filosofia mais que uma consistente explicação para os enigmas da vida e do mundo. "Vida Feliz", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, que encontrei por acaso, perdido num canto, aqueceu-me o coração. Filosofia prática e popular, nem por isso menos admirável, a ideia que me fez brotar foi a de que nunca tinha lido nada que "adivinhasse" tão certeiramente os pequenos dilemas e preocupações do nosso quotidiano.
 
Quando fui ver quem era o autor, fiquei admirado por se tratar de um Espírito. As minhas apreensões foram vencidas pelo esclarecimento e consolo proporcionado pelas mensagens claras e concisas. Não sabia que se tratava de um livro espírita. Apenas gostei muito dele.
 
Hoje continua a ser o meu livro de cabeceira mais fiel. Tenho um amigo que insiste sempre na necessidade de dedicarmos ao Espírito imortal pelo menos o mesmo cuidado que dedicamos ao corpo perecível. Uma pequena leitura e oração, são excelente maneira de começar o dia, bem o sei. Mas as rotinas muito materiais da manhã teimam em me atropelar os bons propósitos... Procuro, ainda assim, uma página ao acaso do "Vida Feliz" para ler e meditar, e sair de casa numa boa sintonia. O livro cabe na palma da mão, é muito acessível e muito mais útil que ir, como a minha tia, ver os médiuns tocar piano e falar Francês.
 
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Os lucros da venda dessa obra, como de todas as obras de Divaldo Franco, ainda que pequeninos, revertem a favor da obra assistencial Mansão do Caminho.
 

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